covid-19

Médica lamenta 'demonização' do tratamento precoce com cloroquina

A médica psiquiatra Márcia Breton Ilha, de Porto Alegre, sustenta que o tratamento precoce funciona. E que o seu uso deve ser observado longe de paixões e, principalmente, sem preconceitos.

- Este tratamento sugerido é feito com um coquetel de medicamentos com ação antiviral, preconizado para ser usado ao surgimento dos primeiros sintomas, principalmente em pessoas do grupo de risco. Da mesma forma que o oseltamivir foi e é usado até hoje para H1N1, desde que nas primeiras 48h da infecção.  

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A psiquiatra cita que o uso de medicações off-label (fora da bula) tem o amparo internacional, sendo utilizado por profissionais de cidades do Exterior - como Madrid, Marselha, Nova York - a partir de experiências realizadas desde o início da pandemia. Isso, segundo a médica, ocorreu "com base na observação da fisiopatologia aliada aos conhecimentos de farmacologia e aos resultados práticos observados e relatados por médicos brasileiros de municípios cujos sistemas de saúde estavam em colapso, por exemplo, Belém (PA).

FASE INICIAL
A médica explica que a Covid-19 tem uma fase inicial e, é justamente aí, que se tem margem para a adoção do tratamento precoce: 

- Sabe-se que a Covid-19 tem uma fase inicial (em média até o 5º dia), que é de replicação viral. É nessa fase o uso do tratamento precoce, pois o objetivo das medicações é inibir esta replicação, buscando evitar a passagem para as fases mais graves da doença. O uso de medicações off-label é comum na prática médica. Há um artigo publicado em novembro de 2019 que diz que na cardiologia, que é usualmente onde se produz mais medicina baseada em evidência, temos menos de 15% de evidência com nível 1A (melhor padrão de evidência), e esta situação vem sendo assim nos últimos 10 anos. Então, não temos evidência 1A de que o tratamento precoce funciona, mas já há muitos estudos mostrando redução no número de mortes e de internações com o tratamento nos primeiros dias, além da observação dos resultados nas cidades onde foi implementado.

SEM RESISTÊNCIA
Frente a uma doença que é nova para todos, a médica entende que há um conjunto de medicamentos, à disposição, que podem, sim, ser aplicados. A psiquiatra recorda que estas medicações eram vendidas sem receita nas farmácias brasileiras até há três meses. E que podem se traduzir em efeitos benéficos:

- Houve uma demonização da medicação por questões políticas, infelizmente. A questão aqui é que estamos lidando com uma doença nova. Não há como ter estudos científicos que demoram muito tempo para serem feitos, em uma doença nova. Mas temos remédios antigos, conhecidos, seguros, baratos, largamente utilizados, com potencial ação antiviral e com resultados práticos observados. A pergunta não deveria ser por que usá-los. Deveria ser porque não os usar. Desde que o paciente seja avaliado por um médico, que possa fazer o diagnóstico clínico, uma boa anamnese, com avaliação dos riscos-benefícios, nós acreditamos que é melhor usar do que deixar o paciente em casa, até sentir falta de ar, quando o quadro já está mais grave e de difícil manejo, e o custo para a vida e para o sistema público de saúde é muito maior.

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